top of page
Water Production Connections

Memorando de pesquisa: Florestas amazônicas mitigam seca em Rondônia

Por Ye Mu e Cassie Sevigny

Mapa da parte alta da América do Sul e do Oceano Atlântico, com o estado de Rondônia delineado na Amazônia brasileira, mostrando as fontes de umidade (precipitações) para Rondônia. Setas indicam movimento de umidade: setas de terras e florestas apontam para o interior em direção a Rondônia, fornecendo umidade. Setas do oceano apontam para o continente, fornecendo umidade. Uma grande seta aponta para o sudeste de Rondônia, onde a umidade flui. Formas de nuvens ficam sobre a terra e o oceano com setas apontando para e para longe delas, indicando evaporação e precipitação local.

O projeto Conexões entre Água e Produção Rural (CAP) investiga se e quais agricultores adaptam seus sistemas de produção quando experimentam mudanças nas chuvas, quais adaptações eles fazem e se essas adaptações reduzem as perdas de renda esperadas quando ocorre a seca. Uma melhor compreensão dessas respostas informará os esforços das agências governamentais e da sociedade civil para ajudar os agricultores a se ajustarem às mudanças na disponibilidade de água. Este memorando de pesquisa explora o impacto da umidade das florestas, áreas não florestadas e do oceano em importantes áreas agrícolas de Rondônia, um estado da Amazônia brasileira


Como a maior floresta tropical do mundo, a floresta amazônica tem um impacto extremamente importante no equilíbrio ecológico e nos ciclos de água regionais e globais. A umidade da atmosfera sobre a Amazônia vem do Oceano Atlântico e da evapotranspiração das florestas tropicais regionais. A evapotranspiração é o processo pelo qual as plantas absorvem água do solo, usam-na para crescer e a liberam na atmosfera. Parte dessa água então se condensa como nuvens e retorna à terra na forma de chuva. Em um artigo recente, Ye Mu, Trent. W. Biggs e Fernando De Sales descobriram que o oceano e a floresta ao redor fornecem, cada um, pouco menos da metade da umidade de Rondônia, enquanto a área não florestal contribui com apenas cerca de 1-6%.


Nas últimas duas décadas, a atmosfera acima da floresta amazônica tornou-se mais seca, tornando os ecossistemas vulneráveis a incêndios e secas. As secas amazônicas geralmente são desencadeadas pelas condições do oceano: ocorrências de El Niño/La Niña (que dependem das temperaturas oceânicas acima ou abaixo da média combinadas com os padrões de vento) e o aumento anormal das temperaturas do nível do mar no Atlântico Norte. Ao estudar secas na bacia do rio Amazonas em 2005, 2010 e 2015, os autores encontraram uma diminuição de aproximadamente 20% na umidade vinda do oceano, enquanto a umidade da floresta permaneceu a mesma. Isso indica que as áreas florestadas são cruciais para fornecer umidade para Rondônia durante as estiagens.


Ao mesmo tempo, o desmatamento na bacia do Rio Amazonas no Brasil aumentou, o que reduz a evapotranspiração e a umidade atmosférica. Terras agrícolas para plantações e pastagens produzem menos umidade por meio da evapotranspiração do que as florestas, portanto, as mudanças no uso da terra podem piorar os efeitos do fornecimento reduzido de água do oceano. A perda de florestas devido a incêndios, exploração madeireira, seca e potenciais feedbacks podem ameaçar as fontes de água da floresta, aumentar o risco de redução das chuvas e, portanto, afetar a produtividade agrícola e as funções do ecossistema. Esses riscos podem ser maiores conforme o clima mude, potencialmente superando a capacidade da floresta de fornecer umidade constante, mesmo durante as secas.

Fonte: Ye Mu, Trent. W. Biggs, and Fernando De Sales (2021). Forests mitigate drought in an agricultural region of the Brazilian Amazon. Geophysical Research Letters, 48:5. DOI: https://doi.org/10.1029/2020GL091380


Comments


bottom of page