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Water Production Connections

Cartão Postal do Campo: "Comportamento Brasileiro"

Por Rachel Dubbs

Rachel Dubbs segurando uma laranja que ela acabou de colher de uma árvore enquanto estava na casa de um fazendeiro em Ariquemes, Rondônia.

O projeto Conexões entre Água e Produção Rural (CAP) investiga se e quais agricultores adaptam seus sistemas de produção quando experimentam mudanças nas chuvas, quais adaptações eles fazem e se essas adaptações reduzem as perdas de renda esperadas quando ocorre a seca. Uma melhor compreensão dessas respostas informará os esforços das agências governamentais e da sociedade civil para ajudar os agricultores a se ajustarem às mudanças na disponibilidade de água. Como estudante de estudos ambientais e ciências políticas na Salisbury University, eu acompanhei os pesquisadores e registrei minhas observações.


Minha preparação para a viagem à Rondônia incluiu a leitura de “Behaving Brazilian”, um livro que descreve os costumes, modos e etiqueta tipicamente brasileiros. Eu estava cética quanto à utilidade do livro, visto que foi publicado há quase quarenta anos. No entanto, achei alguns maneirismos brasileiros interessantes.


Por exemplo, o livro afirma que no Brasil quase sempre é rude comer com as mãos, o sinal de “ok” é um gesto ofensivo e a maneira de se vestir retrata sua condição socioeconômica.

Meu ceticismo em relação ao livro começou a se dissipar assim que desembarquei no Brasil. Foi então que percebi que o aeroporto de Manaus estava cheio de gente com bolsas de grife e salto alto. De repente, eu me senti muito deslocada em minha calça de moletom cinza e mochila gasta.


Depois de desembarcar em Porto Velho e me juntar à equipe, minhas observações dessa cultura continuaram quando acompanhei os alunos que faziam pesquisas com fazendeiros locais. As longas viagens até as fazendas me permitiram refletir sobre o livro e as passagens que descrevem o que se espera do anfitrião na chegada de um hóspede. Eu entendi que os brasileiros supostamente eram mais calorosos e acolhedores do que os americanos, mas quando descobri que estávamos aparecendo sem avisar nas casas dos fazendeiros com centenas de perguntas da pesquisa, pensei que seríamos rejeitados a cada uma delas.

Rachel, uma estudante entrevistadora e um fazendeiro sentados em um banco baixo sob uma árvore.

Mais uma vez, descobri que as normas culturais delineadas no livro eram corretas.

Gilberto de Assis Miranda tinha uma empresa de queijos chamada Queijo 4 Cachoeiras. Gilberto abriu sua casa para a equipe de pesquisa e para mim, e nos deu um tour por sua fazenda. Quando nos sentamos com ele, ele pegou um mamão fresco de sua árvore e o cortou para comermos. Mais tarde, ele arrancou outra fruta incomum de seu galho e me mandou para casa com "cupaçu", uma fruta indígena única, diferente de tudo que já conhecia.


Eu acreditava que ele era alguém que eu pensava ser uma rara pessoa altruísta, uma característica que pensei que nunca mais encontraríamos. Isso foi até eu conhecer Clara. Seu terreno era vasto, mas sua casa era pequena, com apenas uma cozinha e alguns quartos extras para 13 pessoas. Enquanto ela falava conosco, percebi que ela estava sinalizando para meus ombros e meu rosto.


Thais, uma estudante brasileira bilíngue de pós-doutorado, começou a rir e me disse que Clara queria saber por que meus ombros eram tão largos, a pele tão clara e meu rosto queimado de sol. Thais comunicou a ela que eu era americana. Clara engasgou e disse: “Uma americana em minha casa!” Ela correu até mim e começou a beliscar meu rosto e orelhas, e tirar o cabelo do meu rabo de cavalo. Ela disse a Thais que sempre foi seu sonho ir para os Estados Unidos, mas nunca havia conhecido um americano. A experiência levou eu e Thais às lágrimas.

Rachel e Clara, juntas em pé e abraçadas em frente a uma casa de madeira na propriedade de Clara.

Foi difícil se despedir de fazendeiros como Gilberto e Clara. Eu não tinha certeza se voltaria a experimentar um comportamento tão caloroso e acolhedor novamente. Sempre me lembrarei de quando me ofereceram mamão fresco, pão, café e bananas, quando os alunos brasileiros compraram livros de tradução em inglês para se comunicarem melhor comigo, e quando os alunos se reuniram e começaram a cantar e dançar uns com os outros quando tínhamos jantar.


Há algo tão genuíno, honesto e animado na cultura brasileira… Mesmo um livro tão preciso como “Behaving Brazilian” não poderia ter me preparado para isso.


Fonte:

Harrison, Phyllis A. Behaving Brazilian: A Comparison of Brazilian and North American Social Behavior. Newbury House Publishers, 1983.

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